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.Um grupo de economistas chilenos que realizou um informe para a central sindical estimou que, se o preço das exportações latino-americanas tivesse crescido desde 1928 no mesmo ritmo que cresceu o preço das importações, a América Latina teria obtido, entre 1958 e 1967, US$ 57 bilhões a mais do que recebeu, neste perÃodo, por sua vendas ao exterior73.Sem remontar tão longe no tempo, e tomando como base os preços de 1950, as Nações Unidas estimam que a América Latina perdeu, por causa da deterioração do intercâmbio, mais de US$ 18 bilhões na década transcorrida entre 1955 e 1964.Posteriormente, a queda continuou.A brecha de comércio - diferença entre as necessidades de importação e receitas que se obtêm das exportações - será cada vez maior se as atuais estruturas do comércio exterior não mudarem: cada ano que passa, cava-se mais profundamente este abismo para a América Latina.Se a região se propusesse a conseguir, nos próximos tempos, um ritmo de desenvolvimento ligeiramente superior ao dos últimos quinze anos, que foi baixÃssimo, enfrentaria necessidades de importação que excederiam largamente o previsÃvel crescimento de suas receitas de divisas por exportações.Segundo os cálculos do ILPES74, a brecha do comércio ascenderia, em 1975, a US$ 4.600 milhões, e em 1890 aos US$ 8.300 milhões.Assim, chapéu na mão, os paÃses latino-americanos baterão nas portas dos emprestadores de dinheiro internacionais.A.Emmanuel sustenta75 que a maldição dos preços baixos não pesa sobre determinados produtos, mas sim sobre determinados paÃses.Afinal, o carvão, um dos principais produtos de exportação da Inglaterra até pouco tempo, não é menos primário do que a lã ou o cobre, e o açúcar contém mais elaboração do que o uÃsque escocês ou os vinhos franceses; a Suécia e o Canadá exportam madeira, uma matéria-prima, a preços excelentes.O mercado mundial aprofunda a desigualdade do comércio, segundo Emmanuel, na troca de mais horas de trabalho dos paÃses pobres por menos horas de trabalho dos paÃses ricos: a chave da exploração reside em que existe uma enorme diferença nos nÃveis de salários de uns e outros paÃses, e que essa diferença não está associada a diferenças da mesma magnitude na produtividade do trabalho.São os salários baixos os que, segundo Emmanuel, determinam os preços baixos, e não o contrário: os paÃses pobres exportam sua pobreza, se empobrecendo cada vez mais, ao mesmo tempo que os ricos obtêm o resultado inverso.Segundo as estimativas de Samir Amin76, se os produtos exportados pelos paÃses subdesenvolvidos em 1966 tivessem sido produzidos pelos paÃses desenvolvidos com as mesmas técnicas, porém com seus altos nÃveis salariais, os preços teriam variado a tal ponto que os paÃses subdesenvolvidos teriam recebido US$ 14 bilhões a mais.É certo que os paÃses ricos utilizaram e utilizam barreiras alfandegárias para proteger seus altos salários internos nos itens que não poderiam competir com os mais pobres.Os Estados Unidos empregam o Fundo Monetário, o Banco Mundial e os acordos alfandegários do GATT, para impor na América Latina a doutrina do comércio livre e a livre concorrência, obrigando o abatimento dos câmbios múltiplos, do regime de quotas e licenças de importação e exportação, e de taxas e gravames de alfândega; porém, não seguem de modo algum o exemplo.Do mesmo modo que desalentam fora das fronteiras a atividade do Estado, enquanto que dentro das fronteiras o Estado norte-americano protege os monopólios, mediante um vasto sistema de subsÃdios e preços privilegiados, os Estados Unidos praticam também um agressivo protecionismo, com tarifas altas e restrições rigorosas, em seu comércio exterior.Os direitos de alfândega se combinam com outros impostos e com quotas e embargos77.O que ocorreria com a prosperidade dos pecuaristas do Meio Oeste se os Estados Unidos permitissem o acesso a seu mercado interno, sem tarifas nem imaginativas proibições sanitárias, da carne de melhor qualidade e menor preço produzida pela Argentina e Uruguai? O ferro ingressa livremente no mercado norte-americano, mas se for convertido em lingotes paga 16 centavos por tonelada, e a tarifa sobe em proporção direta ao grau de elaboração; isto também ocorre com o cobre e com uma infinidade de produtos: basta secar as bananas, cortar o tabaco, adoçar o cacau, serrar a madeira ou extrair o caroço das tâmaras para que as taxas sejam descarregadas implacavelmente sobre estes produtos78.Em janeiro de 1969, o governo dos Estados Unidos dispôs a virtual suspensão das compras de tomates do México, que dão trabalho a 170 mil camponeses do Estado de Sinaloa, até que os cultivadores norte-americanos de tomate da Flórida conseguissem que os mexicanos aumentassem o preço para evitar a concorrência
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